quinta-feira, 17 de junho de 2010

OS PRESBÍTEROS NÃO SÃO POLICIAIS, MAS PASTORES



O assunto que quero tratar é um assunto pastoral e tem a ver com a disciplina na igreja. Especialmente com um aspecto da disciplina: a longanimidade da disciplina cristã. Essa longanimidade da disciplina cristã chama a atenção, se comparada com outras igrejas ou com o mundo em redor de nós.

Dois exemplos, que vem do mundo.

1. O Campo de Futebol.
Provavelmente não preciso explicar muito as regras de um jogo.
Existe um juiz no campo que pode disciplinar. Ele controla o jogo e admoesta os jogadores, se cometem infrações. Quem comete um erro recebe um cartão amarelo; se acontecer mais uma vez ele receberá o segundo cartão, que se transformará em um cartão vermelho. Quem recebe um cartão vermelho deve sair do campo: ele é excluído do jogo e depois disso o seu caso será avaliado e será decidido quantos jogos ele não poderá jogar.

2. Mais rigoroso ainda é o campo da cidade: as regras do trânsito.
Em frente da minha casa, eles acabaram de terminar uma pista nova, que mudou o movimento do trânsito. No mesmo dia que abriram a pista nova, dois guardas do Detran estavam posicionados para observar os motoristas. Eles estavam com um livrinho na mão para multar sem misericórdia os motoristas que cometessem um erro.
Muitos motoristas ficaram chateados e discutiram com os guardas pedindo misericórdia, mas eles foram duros e deram a multa. A discussão aconteceu no outro lado da parede e num certo momento ouvi um dos guardas dizer: Somos policiais e não pastores!

Isso me leva à pratica nas igrejas. Existe um grande contraste.

1. Existem igrejas que quase não conhecem uma prática de disciplina, como, por exemplo, a igreja de Roma. Uma pessoa, que cometeu um pecado pode visitar o padre para confessar o seu pecado, mas se não, o padre não o visitará para discipliná-la para que seja excomungado, se não se arrepender.

2. Existem outras igrejas rigorosas, como os as igrejas anabatistas e pentecostais, que conhecem uma disciplina rígida. Se um membro cometer um pecado, ele será logo excomungado, para que a igreja fique santa e sem mancha.

3. A prática das Igrejas Reformadas sempre era diferente das duas anteriores.
a. Em vez de ter um confessionário na igreja onde as pessoas podiam ir para confessar os seus pecados, as igrejas reformadas re-instituíram o ofício dos presbíteros, que deviam visitar todos os membros da igreja trimestralmente antes da celebração da Santa Ceia, para que a Santa Ceia não fosse profanada; (O domingo 30 do catecismo de Heidelberg (1563) é um bom exemplo disso). Então, o conselho não esperava até que os membros chegassem ao conselho, mas o conselho procurava os membros para admoestá-los, edificá-los e consolá-los. O contraste com a igreja de Roma é que as igrejas reformadas renovaram a prática de ter uma disciplina cristã;

b. Mas essa prática era diferente da prática das igrejas anabatistas, que criticaram as igrejas reformadas por ter uma disciplina fraca e mole. Elas deviam ser mais rígidas e ter uma disciplina rigorosa, porque têm que manter a igreja santa!

Essa crítica não é antiga, mas existe até hoje. Especialmente membros que vem de uma igreja pentecostal se assustam com a prática de disciplina, que trata os membros com muita longanimidade.

Em 2006 tivemos uma discussão na nossa igreja a respeito da nossa prática de disciplina. Durante dois anos tratamos um casal, que vivia como gato e cachorro. Um momento eles estavam brigando, outro momento eles se arrependeram quando foram admoestados; mas algumas semanas depois tudo acontecia de novo. Eles foram afastados da santa ceia e receberam regularmente visitas pastorais. Tratamos o caso com muita longanimidade, mas houve um membro que considerou isso como falta de disciplina. Os dois já deviam ser excomungados, para que a igreja ficasse santa e imaculada; Nós defendemos a posição que a disciplina cristã serve para levar o membro ao arrependimento, para que seja salvo por Cristo. Isso é o primeiro objetivo da disciplina cristã; a santidade (ou melhor: a pureza) da igreja está no segundo plano.

De fato nunca teremos uma igreja pura e santa aqui na terra; devemos lutar para manter a igreja santa, mas considerando Efésios 5, 27-29 a igreja só será santa e pura em Cristo Jesus, que a santifica e purifica, para apresentá-la a si mesmo na gloriosa, sem mácula, nem ruga, nem coisa semelhante, porém santa e sem defeito.
Assim será a igreja no dia final, na glória, mas aqui na terra nunca conseguiremos a pureza e perfeição da igreja;

Este texto foi um dos textos importantes nas discussões entre as igrejas reformadas e as igrejas anabatistas no século 16; Houve vários encontros entre ambas para discutir as diferenças teológicas. Uma dessas discussões aconteceu na cidade de Emden em 1578;

Foi naquela época e baseado naquelas discussões que as igrejas reformadas mudaram a prática da disciplina e introduziram a diferença entre 1) a excomunhão definitiva e 2) a excomunhão provisória ( quer dizer: afastar um membro, que caiu em pecado, da santa ceia; e depois continuar com o processo da disciplina até a excomunhão; dessa forma as igrejas reformadas criaram espaço e tempo para visitar e admoestar o membro, que caiu em pecado, para que se arrependa e se converta.

Esse assunto foi um ponto de discussão entre as igrejas reformadas e as anabatistas. (25 de Fevereiro até 17 de Maio 1578); Uma das teses era a seguinte: É necessário ter admoestações antes da excomunhão? Sim ou não? O representante dos anabatistas disse: “De acordo com Mateus 18 e Lucas 17 temos que perdoar repetidamente o irmão, que pecou contra nós, mas temos que excomungar logo aquele que pecou contra Deus”. O motivo: “porque se não, como manteremos a congregação de Deus pura?”

Os representantes reformados enfatizaram que essa visão sobre a santidade da congregação não era de acordo com as Escrituras: “a pureza da congregação de Deus não existe somente na excomunhão, mas no sangue e no Espírito de Cristo”. E apontaram para Efésios 5, especialmente os versículos 25 até 27;
“Cristo mesmo amou a igreja e a si mesmo se entregou por ela, para que a santificasse, tendo-a purificado por meio da lavagem de água pela palavra, para a apresentar a si mesmo igreja gloriosa, sem macula, nem ruga, nem coisa semelhante, porém santa e sem defeito”.

Essa referência é importante porque podemos observar a diferença entre a visão subjetiva dos anabatistas sobre a igreja e a sua pureza e a visão reformada que enfatiza a posição fundamental de Cristo na igreja. O sacrifício de Cristo nos lava e purifica; o batismo nos ensina isso. Veja Domingo 27 do catecismo de Heidelberg, pergunta 72: “Somente o sangue de Jesus Cristo e o Espírito santo nos purificam de todos os pecados”.

Os membros são lavados e purificados em Cristo Jesus. E quando um membro se desvia, ele deve ser disciplinado! (quer dizer: discipulado!! Por meio de visitas e conversas ele deve ser instruído, edificado e admoestado para se arrepender e buscar a sua salvação em Cristo Jesus. A disciplina começa com conversas e admoestações, enquanto o processo de excomunhão começa quando fica claro que o membro se endurece e não quer se converter; se chegar a esse ponto de resistência o conselho começará o processo de excomunhão, com os três passos e anúncios, que encontramos no nosso Regimento.

Mateus 18 não fala sobre uma diferença entre o pecado contra os homens e o pecado contra Deus. Os reformados rejeitaram essa idéia em Emden. Jesus não nos ensina qual pecador devemos excomungar, mas nos ensina como devemos admoestar o pecador antes de excomungá-lo.

Tem que ter várias conversas; tem que intensificar as admoestações, tem que deixar claro que não é uma opinião particular contra uma outra opinião particular, mas as testemunhas em Mateus 18 servem para fortalecer o testemunho da palavra de Deus! A palavra de Deus que todos conhecem. Por causa disso a igreja é ativada! Para que seja claro que o pecador está num outro caminho; A igreja deve guardar a palavra de Cristo. (1 Tim. 3, 14-16!);

Naquela reunião foi mencionado também Ezequiel 33: a atalaia deve avisar o pecador do perigo grande e grave; Se não, ele mesmo será culpado! Cristo mesmo avisou os seus discípulos antes da infidelidade deles e orou por eles (Luc. 22,32) e depois os buscou e falou com eles (João 21) antes de restaurar a posição deles e ativá-los na congregação.
Temos um bonito exemplo da longanimidade de Jesus com os seus discípulos, que caíram várias vezes no mesmo pecado.

NB
Primeiro anúncio de Jesus da sua morte na cruz; (Mc. 8,31)
A reação de Pedro: revoltado (Mc. 8,32-33)
Ensino: o discípulo de Jesus deve levar a sua cruz (Mc. 8, 34-38)

Segundo anúncio de Jesus da sua morte na cruz; (Mc. 9,38-41)
A reação dos discípulos: quem era o maior? (Mc. 9,34)
Ensino: a maior no Reino dos céus: o mais humilde! (Mc 9, 35)

Terceiro anúncio de Jesus da sua morte na cruz; (Mc. 10, 32-34)
A reação de Tiago e João: os primeiros lugares! (Mc. 10, 35eov)
Ensino: quem quiser tornar-se grande entre vós, será esse o que vos sirva.

Ensino antes da festa da Páscoa! (João 13)
Jesus quer lavar os pés; A reação de Pedro: não!
Ensino: humildade! Eu, o mestre, vos lavei os pés. Também vós deveis lavar os pés dos outros!

Finalmente Jesus se entregou para ser crucificado.
Reação dos discípulos: vergonha, tropeço, fugir;
Ensino: Humildade. Jesus se humilhou até a morte (Filip. 2,7-8); Humildade!

Então: Jesus ensinou com muita paciência e tratou os seus discípulos com muita longanimidade; Ele os deu um exemplo! Ele os ensinou a ser humildes! Da mesma maneira eles deviam ensinar os membros da congregação e tratá-los com longanimidade! Veja 1 Pedro 5: 1-4; especialmente versículo 3! E os membros devem ser humildes e submissos (1 Pe. 5: 5-6) De fato esse é um dos grandes temas da primeira carta de Pedro: seja humilde e obediente.(1 Pe. 1,14.22; 2,13.18; 3,1.8(!)) e enfatiza também da longanimidade de Deus (3,20; 2 Pe. 3,9).

Essa longanimidade de Deus é um exemplo para nós. Paulo disse isso em Efésios 4, 1-3! E Jesus ensinou isso também aos seus discípulos por meio da parábola do joio no meio do trigo (Mt. 13:36-43);

Faz parte da obra pastoral: cuidar do rebanho e daqueles que são fracos e irregulares. Orientá-los e edificá-los; com paciência e longanimidade como os professores fazem na escola; Só podemos fazer isso se conhecermos as nossas fraquezas; Fazemos isso com humildade, se conhecermos a nossa natureza pecaminosa e se sabemos que a Igreja de Cristo não é perfeita e nunca será perfeita aqui na terra.

Cristo mesmo purificará a sua noiva pelo sacrifício do seu sangue. A igreja é santa aqui na terra, mas isso não quer dizer perfeita! Compare com 1 Coríntios 1, 2: "Aos santificados em Cristo Jesus, chamados para ser santos". Paulo chama a igreja santa (ou santificada), mas ela não é perfeita; existem manchas Cap. 5 e 6, 8-10, 11. A carta nos mostra que tem pecadores e a congregação não faz nada!

Os membros são santos em Cristo, mas isso não quer dizer que somos perfeitos; Oração: dá-nos o pão de cada dia E perdoe-nos os nossos pecados (cada dia!).

Os oficiais são santificados em Cristo, mas também não são perfeitos; Prestem atenção nos apóstolos! Pedro (João 21) e Paulo (Romanos 7, 13-20); Eles queriam ser perfeitos, mas não conseguiam (Filip. 3);

Os oficiais devem ser humildes!
HUMILDES POR CAUSA DOS SEUS PECADOS!
HUMILDES PARA SERVIR CRISTO.

Se escolhermos os oficiais, escolheremos os homens mais perfeitos, ou os homens mais humildes? Escolheremos aqueles homens que conheçam as suas fraquezas e o poder do pecado na sua vida e que conheçam a graça de Deus e o poder do sacrifício de Cristo na sua vida.
Esses homens humildes não se levantam no meio da congregação para julgar e multar, mas eles têm misericórdia com os irmãos e trabalham na congregação para levar os pecadores para Cristo para que sejam salvos;

Homens que se exaltam por causa da sua santidade, por causa da sua disciplina rigorosa, por causa do seu zelo em guardar os mandamentos de Deus; esses homens se tornam zelotes que andam com o chicote da santidade na congregação, e esquecem facilmente que ninguém é puro ou sem manchas; todos nós somos miseráveis pecadores e precisamos do sangue de Jesus.

Não precisamos de presbíteros arrogantes com livrinhos para registrar e multar os pecados, mas presbíteros humildes que lavaram as suas almas no sangue de Jesus Cristo;

Homens humildes que se submetem a Cristo. Homens que conhecem a Palavra de Deus; Homens que oram a Deus e pedem ajuda e orientação; homens que confiem no poder de Deus. Não precisamos de managers que sabem organizar uma empresa; LÍDERES nas empresas tem muitas dificuldades de ser SERVOS na igreja.

Os presbíteros devem se manifestar como exemplos de Cristo (João 13; Filip. 2,3; 1 Pedro 5,3); Eles representam Cristo como servo. Humildade define a atitude com os irmãos que caem em pecado: paciência, misericórdia, vontade para perdoar, vontade para ensinar, paciência com os fracos; sabem perdoar, não uma vez, nem duas vezes, mas 7 vezes 70!
Os que procuram no primeiro lugar a perfeição da congregação, não terão paciência com os fracos; primeiro disciplinar, depois falar. Primeiro atirar, depois falar. Lucas 9, 51-55!

PERGUNTAS PARA AUTO EXAME:

1. Você se acha uma pessoa humilde?
O que a sua esposa acha? o que os seus colegas acham? O que os seus amigos acham?

2. Existem pessoas mais humildes do que você?

3. VOCÊ ESTÁ SERVINDO JESUS?
O que a sua esposa acha? O que os seus colegas acham? O que os seus amigos acham?

4. Como você está servindo Jesus?

5. Você sabe que Jesus é seu SENHOR, mas você sente isso também na sua vida? Jesus manda na sua vida?

terça-feira, 1 de junho de 2010

EXISTE PERDÃO PARA PADRES OU PASTORES QUE SÃO PEDÓFILOS?


Prezado leitor,

Faz pouco tempo que a população do Brasil foi chocada com as denúncias envolvendo casos de pedofilia entre dois monsenhores e dois padres com coroinhas da cidade de Arapiraca (Al). De fato não foi a primeira vez que isso aconteceu, porque em 2005 houve um outro caso em Anápolis (Góias), quando o Frei Tarcísio Tadeu Sprícigo, foi condenado a dez anos de prisão por abuso sexual contra menores.

O caso em Arapiraca chamou a atenção de toda mídia brasileira, porque foram envolvidos dois padres e dois monsenhores e houve provas incontestáveis, porque os coroinhas apresentaram um filme, que mostrava o envolvimento homo-sexual de um dos monsenhores com um dos coroinhas. As imagens foram chocantes. Além disso, houve o testemunho de um dos padres, que afirmou todas as acusações.

Esse caso de pedofilia não é um problema isolado dentro da Igreja Católica Romana aqui no Brasil. O que chama a atenção é que atualmente existem também alguns casos na Alemanha e Itália; e faz um ano que um padre foi condenado na Inglaterra e alguns anos atrás houve muita comoção nos Estados Unidos onde aconteceram casos similares.

E não devemos pensar que essas coisas só acontecem na Igreja Católica Romana, porque posso lhes dar uma lista de casos que aconteceram em outras igrejas e em outros países. Em Janeiro 2009 um pastor da Assembléia de Deus, em Rubim, foi preso por pedofilia; No mesmo mês um ex-pastor das igrejas reformadas em Holanda foi condenado porque estava colecionando fotografias pornográficas de menores de sete até quatorze anos; em abril 2008 um pastor evangélico foi preso em flagrante em Jacarepaguá, na zona oeste do Rio de Janeiro, quando estava com crianças dentro do carro em um terreno baldio; e em Julho 2007 um músico brasileiro da Igreja Batista da Lagoinha, que tem sua sede em Belo Horizonte, foi preso nos Estados Unidos, suspeito de molestar sexualmente quatro crianças.

Menciono todos esses casos para que as pessoas não pensem que o problema da pedofilia só existe na Igreja Católica Romana. Quem fizer uma pesquisa descobrirá que o problema existe em qualquer país e em qualquer igreja. Talvez possamos dizer: O problema está no coração do homem. Não somente no coração dos padres e dos pastores, mas no coração de qualquer pessoa. Isso fica ainda mais claro se falaríamos sobre outros pecados sexuais, que a bíblia aponta como sodomia e adultério (1 Cor. 6,9).

O grande profeta Jesus abriu os olhos das pessoas para não observar as coisas isoladamente, mas para examinar no primeiro lugar o próprio coração antes de julgar outras pessoas. Ele disse: Ouvistes que foi dito: Não adulterarás. Eu, porém, vos digo: qualquer que olhar para uma mulher com intenção impura, no coração, já adulterou com ela. E quando os moralistas daquela época lhe trouxeram uma mulher adúltera surpreendida em flagrante para que a condenasse, Jesus disse aos acusadores: “Aquele que dentre vós estiver sem pecado seja o primeiro que lhe atire pedra”. Nenhum dos acusadores teve coragem de condenar a mulher, porque todos conheciam bem o seu próprio coração impuro.
Falando sobre isso, não quero diminuir a gravidade do pecado de pedofilia, que é um pecado contra menores, que são facilmente enganados e dominados para fazer coisas contra a sua vontade.
A lei brasileira
A lei brasileira não possui o tipo penal "pedofilia". Entretanto, a pedofilia, como contato sexual entre crianças e adultos, se enquadra juridicamente no crime de estupro de vulnerável (art. 217-A do Código Penal) com pena de oito a quinze anos de reclusão e considerados crimes hediondos.
Ligado com a pedofilia existe também a divulgação de pornografia infantil. Isso também é crime no Brasil, passível de pena de prisão de dois a seis anos e multa. Artigo 241, do Estatuto da Criança e do Adolescente (Lei nº 8.069/90): Apresentar, produzir, vender, fornecer, divulgar ou publicar, por qualquer meio de comunicação, inclusive rede mundial de computadores (
internet), fotografias ou imagens com pornografia ou cenas de sexo explícito envolvendo criança ou adolescente. Em novembro de 2008, a abrangência da lei aumentou, e a pena máxima de crimes de pornografia infantil na Internet aumentou de 6 para 8 anos.
A lei da Igreja Católica
O que chamou a minha atenção assistindo o programa na televisão que mostrou o processo contra os monsenhores e os padres em Arapiraca, foi que um dos monsenhores numa entrevista, feita antes do processo, disse que o pecado da pedofilia é um “pecado mortal”. Provavelmente nem todo mundo conhece essa distinção entre o pecado ‘normal’ e o pecado ‘mortal’. Então quero esclarecer isso. De acordo com a Wikipédia: o pecado mortal é cometido "quando, ao mesmo tempo, há matéria grave, plena consciência e deliberado consentimento. Este pecado destrói a caridade, priva-nos da graça santificante e conduz-nos à morte eterna do Inferno, se dele não nos arrependermos sinceramente”. De acordo com a Igreja Católica Romana existe uma diferença entre o pecado ‘mortal’ e ‘venial’, que é considerado mais leve. O pecado ‘venial’ é feito sem pleno conhecimento ou sem total consentimento e não quebra a aliança com Deus. Eu não pretendo discutir essas distinções, porque no meu ver qualquer pecado é mortal, se dele não nos arrependermos sinceramente.
Então existe perdão?
De acordo com a Igreja Católica existe perdão para as pessoas que cometeram o crime de pedofilia, se a pessoa se arrepende sinceramente. Isso combina com uma palavra de Jesus, que disse (Mc. 3,28): Em verdade vos digo que tudo será perdoado aos filhos dos homens: os pecados e as blasfêmias que proferirem. Mas por outro lado temos uma palavra séria de Jesus, que devemos analisar antes de tomar uma conclusão. O mesmo Jesus disse também em Mateus 18:6-9 Qualquer, porém, que fizer tropeçar a um destes pequeninos que crêem em mim, melhor lhe fora que se lhe pendurasse ao pescoço uma grande pedra de moinho, e fosse afogado na profundeza do mar. Ai do mundo, por causa dos escândalos; porque é inevitavel que venham escândalos, mas ai do homem pelo qual vem o escândalo! Portanto, se a tua mão ou o teu pé te faz tropeçar, corta-o e lança-o fora de ti; melhor é entrares na vida manco ou aleijado do que tendo duas mãos ou dois pés, seres lançado no fogo eterno. Se um dos teus olhos te faz tropeçar, arranca-o e lança-o fora de ti; melhor é entrares na vida com um só dos teus olhos do que tendo dois, seres lançado no inferno de fogo.
O Julgamento de Jesus
As palavras de Jesus são bem radicais a respeito daqueles que fazem tropeçar um destes pequeninos que crêem nele. Um pessoa pode se perguntar se Jesus está falando sobre o pecado de pedofilia ou sobre qualquer pecado que deixa tropeçar um dos seus pequeninos. Parece que Jesus fala sobre qualquer pecado, que pode tropecar um destes pequeninos, então isso inclui também o pecado de pedofilia. Prestem atenção que Jesus não fala sobre o carater do pecado, mas sobre o efeito do pecado. Qualquer pecado que deixa um dos seus pequeninos tropeçar é considerado grave. Tão grave que lhe “ fora melhor que se lhe pendurasse ao pescoço uma grande pedra de moinho, e fosse afogado na profundeza do mar”. Considero essa palavra de Jesus muito rigida. Porque de fato Jesus está dizendo: é melhor que tal pessoa se jogasse no mar para morrer do que cometer tal crime. Porque quem comete tal crime sofrerá no fogo eterno.
Esse julgamento de Jesus é bem radical, mas no mesmo momento penso nas crianças, pré-adolescentes ou adolescentes que se tornaram vítimas de pedofilia, incesto ou estupro. E especialmente aqueles que foram as vítimas de pastores e padres ou de qualquer oficial da igreja de Cristo. Um representante de Cristo, que devia pastorear o rebanho de Cristo, mas que fez o contrario e causou um trauma na vida da sua vítima (um dos pequeninos, que crêem em mim), que por causa disso se afastou de Jesus. Qualquer, porém, que fizer tropeçar a um destes pequeninos que crêem em mim, melhor lhe fora que se lhe pendurasse ao pescoço uma grande pedra de moinho, e fosse afogado na profundeza do mar. Porque Jesus disse isso? Por que é melhor ser afogado na profundeza do mar, do que fazer tropeçar um destes pequeninos que crêem em Jesus? Provavelmente, porque é melhor morrer puro na profundeza do mar, do que morrer impuro na profundeza eterna do inferno.
O último Julgamento
Jesus fala sobre o último julgamento em Mateus 25. Não preciso falar sobre todos os detalhes. O que jesus quer dizer é que haverá um julgamento no dia final, quando Jesus voltará sendo o Supremo Juiz que julgará os vivos e os mortos. O que chama a atenção na parábola é que Jesus se identifica com os seus ‘pequeninos ‘ aqui na terra. Quem deu um copo de água à um dos pequeninos de Jesus, o deu a Jesus mesmo. “Em verdade vos afirmo que, sempre que o fizeste a um destes meus pequeninos irmãos,a mim o fizeste”, disse Jesus. E quando uma pessoa tratou mal um dos irmãos de Jesus, Jesus considera isso como uma ofensa pessoal. Talvez é forte o que vou dizer agora, mas quem cometeu um crime de pedofilia com um dos pequeninos que crêem em Jesus ouvirá no dia final: sempre que o fizeste a um destes meus pequeninos irmãos, a mim o fizeste. Apartai-vos de mim, malditos , para o fogo eterno, preparado para o diabo e os seus anjos (Mt. 25,41).
Então não existe perdão?
Não posso dizer isso. Nao podemos negar a palavra de Jesus,que disse (Mc. 3,28): Em verdade vos digo que tudo será perdoado aos filhos dos homens: os pecados e as blasfemias que proferirem. Sabemos que Deus perdoou pecados de incesto, assassinatos, mentiras e, mesmo os pecados de Paulo como perseguidor da igreja. Não considero o pecado de pedofilia menos leve em comparação com o pecado de assassinato. Pior ainda se for cometido por um pastor ou um padre: em ambos os casos ele é um tropeço, não somente para a vítima, mas também para todos os fiéis que perderam a sua confiança nos oficiais da igreja e se afastaram dela por causa disso.
Mas observando o caso de Davi, que recebeu perdão dos seus pecados, enquanto foi um homem de Deus, que cometeu adulterio com uma mulher e assassinou o marido dela, devemos dizer que existe perdão. Salmo 51 e salmo 32 são bons exemplos do arrependimento de Davi. E Salmo 32 foi feito para nos ensinar a respeito do caminho que um pecador deve seguir: confessar a Deus as transgressões.
Jogar pedras ou pedir perdão?
Como devemos reagir quando observamos essas coisas acontecerem? A primeira reação é apontar o dedo, condenar os homens que cometeram esse crime e jogar pedras (ou palavras) pesadas para acabar com eles. A tentação é essa, mas a Bíblia nos ensina um outro caminho. O apóstolo João disse: Se alguém vir a seu irmão cometer pecado não para morte, pedirá, e Deus lhe dará vida, aos que não pecam para morte (1 João 5,16); Jesus também nos ensinou a orar: Pai, perdoa-nos as nossas dividas, assim como nós temos perdoado aos nossos devedores. Então quero terminar com uma oração.

Pai, abençoe-nos com ansiedade
ouvindo respostas fáceis, meias verdades
e tendo relações superficiais,
para que o teu amor se aprofunde em nossos corações.

Pai, abençoe-nos com a raiva
observando a injustiça, a opressão e a exploração de crianças.
Para que lutemos em favor da justiça, da liberdade e da paz.

Pai, abençoe as nossas lágrimas derramadas
por aqueles que sofrem profundamente,
por causa da vergonha, da maldade, do repúdio, ou do estupro violento.

Pai, abençoe as nossas mãos para abraçar e consolar
a fim de transformar a dor em alegria.

Pai, abençoe a nossa fé,
pela qual podemos fazer o impossível.
Dê-nos um pouco fé -do tamanho de um grão de mostarda-
para que consigamos lutar contra o monstro da pedofilia,
que é um tropeço para os seus pequeninos.

O Supremo Pastor, procure os teus pequeninos, que foram afastados de ti; cuide das tuas ovelhas e dos seus pastores; não deixa-os cair em tentação, mas livre-os do mal. Amém.