quinta-feira, 28 de outubro de 2010

Sou reformado, não puritano.


Faz pouco tempo que um pastor me perguntou se eu poderia escrever alguma coisa sobre o puritanismo, pois ele me ouviu dizer que não sou puritano, enquanto sou pastor em uma das igrejas reformadas do Brasil, que por muitas pessoas são consideradas como igrejas puritanas. Eu lhe expliquei porque sou 100% reformado, mas não me considero puritano.
Falando sobre o puritanismo, quero transmitir algumas palavras do professor S. Van der Linde, que tinha muito conhecimento do movimento puritano nos Países Baixos. Ele diz o seguinte: “Em geral o puritanismo é considerado como um fenômeno, que aparece em várias religiões em todos os séculos”. O Islam e o Judaísmo (Os Recabitas (Jer. 35) e os Fariseus) o conhecem muito bem. Podemos dizer que existe um puritanismo internacional; a sua história ainda deve ser escrita. Quando se fala sobre o puritanismo na história das igrejas da Escócia e Inglaterra, as pessoas pensam no movimento que queria uma reforma radical da igreja. Neste ponto o puritanismo parece com o movimento dos anabatistas; eles são iguais em entusiasmo e dedicação. Esse é o poder deles, mas a sua fraqueza está na tendência de espiritualizar e de avaliar as coisas negativamente. O puritanismo cresceu na Inglaterra no reino de Elisabeth; o nome ‘Puritanos’ foi introduzido no ano 1565” (Christelijke Encyclopedie, 2e druk, dl. 5, pag.547). [Minha tradução].
O Puritanismo na Inglaterra foi um movimento dentro da igreja Anglicana. A igreja Anglicana foi estabelecida pelo rei Henrique VIII, que se afastou da igreja de Roma. Ele começou a reforma da igreja e a principal mudança foi a decisão que o cabeça da igreja não era mais o papa de Roma, mas o Rei da Inglaterra. Porém, em muitos aspectos a igreja anglicana continuou com a aparência da igreja católica. Isso foi um espinho na carne dos puritanos; eles queriam uma reforma mais radical. Eles queriam reformar a liturgia do culto, especialmente em favor da pregação da Palavra; também criticaram as vestimentas oficiais do clero, que eram muito luxuosas e trouxeram lembranças do domínio da igreja de Roma. Outros puritanos (os presbiterianos) queriam uma reforma do sistema de governo da igreja por meio de ‘presbitérios’; e havia puritanos ainda mais radicais que queriam congregações independentes (os congregacionalistas); todos os puritanos lutaram também para a santificação do dia de Domingo e para uma vida mais piedosa durante a semana.
Já naquela época o movimento puritano dentro da igreja Anglicana conhecia uma diversidade. Havia um grupo moderato que era contra as vestimentas oficiais do clero; os “Presbiterianos” que queriam uma reforma do sistema de governo; e ainda um grupo mais radical que chamamos de “Independentistas” ou “Separatistas”. É bom observar essas divergências para que as pessoas estejam conscientes que historicamente a palavra ‘puritano’ por si só não é uma palavra clara e bem definida. De certa forma podemos dizer que Lutero era um ‘puritano’, porque queria reformar a igreja de Roma; da mesma maneira podemos dizer que Calvino era um ‘puritano’, porque era mais radical do que Lutero; e Beza e John Knox eram ‘puritanos’, porque eram mais radicais do que Calvino; e os presbiterianos eram ‘puritanos’ porque queriam reformar a igreja anglicana; mas os ‘independentistas’ eram mais radicais, porque queriam acabar com qualquer forma de hierarquia na igreja, até a hierarquia do Presbitério; e dentro do grupo dos ‘independentistas’ existia um grupo ‘puritano’ que se chamava os “Brownistas’ que buscaram uma separação radical e se afastaram da igreja anglicana; e em comparação com todos os grandes reformadores, podemos dizer que os anabatistas eram ‘puritanos’ porque eram os mais radicais. Eles queriam uma igreja pura e santa.

Observando tudo isso, nós podemos dizer que todos os protestantes são mais ou menos ‘puritanos’, porque queriam reformar a igreja de Roma. Então de certa forma as pessoas podem dizer para mim: pastor, você é um ‘puritano’. Concordo com isso. Do mesmo jeito podemos dizer sim, os membros das Igrejas reformadas são ‘puritanos’. E os membros da Igreja Presbiteriana também, como também os membros da Igreja Luterana. Todos mais ou menos puritanos. Neste caso usamos a palavra ‘puritano’ de um modo geral. E isso sem problema.

Mas nesse artigo eu falo sobre o termo ‘puritano’ me referindo a um movimento histórico, pensando na história do século 17; Quando eu digo que não sou ‘puritano’ eu me refiro ao fato que não me identifico completamente com o movimento dos puritanos na Inglaterra no século 17; não sou seguidor desses puritanos, como hoje em dia existem pessoas que seguem zelosamente os princípios dos puritanos do século 17. Eu me sinto melhor com a teologia moderada e cautelosa de Calvino do que com a teologia mais rigorosa de Beza ou Thomas Hooker. Reconheço a Confissão de Westminster (1648) e os Catecismos de Westminster como confissões reformadas, e vejo uma grande concordância com as três confissões reformadas que subscrevo: O Catecismo de Heidelberg (1566), A Confissão Belga (1561) e os Cânones de Dort (1618), mas estou também consciente das diferenças teológicas que existem entre essas confissões; diferenças a respeito da predestinação, das Alianças, a respeito da igreja e a respeito do uso da lei, especialmente o quarto mandamento.

O movimento dos Puritanos na Inglaterra teve também uma grande influência na Holanda. Já no século 17. Houve muito comércio entre Inglaterra e Holanda no século 16 e 17; e junto com a mercadoria, chegaram também as idéias dos puritanos, seja por escrito, seja por pastores que se mudaram para Holanda. E já naquela época podemos observar uma diferença entre a igreja reformada da Holanda e as congregações puritanas dos ingleses, que se congregaram separadamente. Houve um conflito na Igreja de Amsterdam entre a Igreja Reformada e a Congregação Separatista dos Brownistas. Os últimos tinham uma lista de críticas. Vou mostrar porque essa lista já apresenta as diferenças entre os Puritanos e a Igreja Reformada.
Lista de críticas dos Separatistas:
1) A Igreja Reformada em Amsterdam se reúne em vários lugares; assim ela não pode supervisionar bem a congregação e administrar bem a disciplina cristã; os seus pastores não observam bem o dia do Senhor;
2) A Igreja batiza as crianças de membros que ainda não fizeram a sua profissão de fé (provavelmente a criança de jovens que tinham que casar. AdG);
3) A Igreja Reformada usa a oração “Pai Nosso” e outras orações como formas no culto;
4) A Igreja Reformada não segue a regra de Mateus 18.5;
5) A Igreja Reformada se congrega em prédios que antigamente pertenciam ao Anticristo (O Papa. AdG);
6) A Igreja Reformada não cuida dos seus pastores conforme 1 Cor. 9.14, mas conforme o costume dos Papistas;
7) Os presbíteros das Igrejas Reformadas não são eleitos por toda a sua vida, mas anualmente;
8) Tem cultos especiais para confirmar o casamento, enquanto o casamento civil é feito na prefeitura;
9) A Igreja Reformada conhece uma nova regra de disciplina, - sendo o afastamento da Santa Ceia- , que Cristo não ordenou;
10) A Igreja Reformada têm cultos nos dias comemorativos como Natal e Páscoa;
11) A Igreja Reformada aceita como membros pessoas que foram excomungadas da Igrejas Separatista;
Esta lista mostra vários aspectos que até hoje são normais nas igrejas reformadas na Holanda, enquanto não são considerados normais no meio dos puritanos. E o que chama a minha atenção é que a maioria dessas críticas corresponde com as criticas, que os anabatistas tinham contra as igrejas reformadas.

Os Puritanos da Inglaterra tinham uma grande força de atração para grupos e membros dentro das igrejas reformadas, que se identificavam com essas idéias rigorosas. Houve grupos que se reuniram em casas para ler os livros ou os sermões dos Puritanos, que foram traduzidos por pastores holandeses, que se identificavam com esse movimento puritano. A maioria desses grupos se separou da Igreja Reformada e se organizou em Congregações Reformadas. Hoje em dia existem umas três confederações de Congregações Reformadas na Holanda, que se identificam muito com as idéias dos Puritanos do século 17.

A maioria dessas Congregações Reformadas é muita fechada e se afasta quase completamente do mundo. Os membros têm os seus negócios no mundo, mas não se associam com o mundo de acordo com 2 Cor. 5. Muitos membros não têm televisão e alguns nem rádio. Politicamente eles se organizam no Partido Reformado Estadual (SGP) e a maioria têm uma assinatura no Jornal Reformado. Casamentos misturados quase não existem; pode acontecer por acidente ( quando a noiva fica grávida antes do casamento) e muitas famílias também não querem vacinar os seus filhos contra paralisia infantil; eles defendem que tem de confiar no Senhor: "Ele nos protegerá contra todo mal. Deus é Soberano e fez uma Aliança da Graça com os seus eleitos; esses eleitos se encontram na congregação, mas a maioria dos membros ainda vive em miséria e não se acham convertidos. Precisa de um testemunho do Espírito Santo, que lhe mostrará a graça de Deus". Existem congregações reformadas onde só o pastor é considerado eleito e só ele pode participar da Santa Ceia! Essa situação foi criada teologicamente, porque a aliança de Deus tem um lado interno (os eleitos) e um lado externo (os que foram batizados, mas ainda não chamados). O Pacto Salutis domina o pacto da graça!

As Congregações Reformadas na Holanda e América do Norte têm laços com ‘The Netherlands Reformed Church’; e As Antigas Congregações Reformadas têm laços com ‘The Dutch Reformed Church’ ou ‘The Puritan Reformed Churches’ ou ‘The Heritage Reformed Churches’ nos EstadosUnidos. Mas prestem atenção: Todas essas Congregações Reformadas não tem laços fraternais com as Igrejas Reformadas de Holanda (libertadas), nem com as Igrejas Reformadas do Canadá, que têm laços fraternais com as Igrejas Reformadas do Brasil. Por causa disso, eu digo: sou pastor da Igreja Reformada, mas não sou Puritano.

Acho o termo ‘puritano’ um termo inadequado para caracterizar todas as igrejas reformadas. Este termo tem uma bagagem histórica e foi dado à um grupo reformados, que queriam reformar a igreja anglicana da Inglaterra. Esse grupo se identifica pelas suas confissões, que são diferentes das confissões das igrejas reformadas do continente da Europa. Os puritanos definiram a sua fé na Confissão de Westminster e nos Catecismos de Westminster. Hoje em dia essas confissões funcionam principalmente nas igrejas presbiterianas. E houve também uma influência forte da doutrina da confissão de Westminster nas igrejas reformadas. Essa influência era forte no século 18 e 19; isso até causou conflitos dentre as igrejas reformadas na Holanda. No século 19 existiam muitas congregações reformadas na Holanda, que viviam de acordo com as idéias puritanas dos independentes de Inglaterra. Essas congregações reformadas (puritanas) se organizaram em 1907 e se chamaram: “Gereformeerde Gemeenten in Nederland em Noord-Amerika” (= Congregações Reformadas em Holanda e America do Norte). Nos Estados Unidos eles se chamaram “Netherlands Reformed Congregations” (= Igrejas Reformadas de Holanda); em 1993 houve uma separação em Grand Rapids (USA) e as igrejas, que se afastaram, se chamam hoje em dia “The heritage reformed congregations” (= as congregações reformadas da herança); elas tem um seminário que se chama “Puritan Reformed Theological Seminary”, que é conhecido aqui no Brasil por causa da fama do seu presidente Joel Beeke e do professor do Antigo Testamento, David Murray. Os seminaristas desse seminário vêem das próprias congregações (heritage reformed congregations), mas também das “Free Reformed Churches of North America”.

Tanto as nossas Igrejas Reformadas (libertadas) na Holanda, como também as nossas Igrejas Reformadas do Canadá, nunca declararam que as “Congregações Reformadas na Holanda e na América do Norte” são igrejas falsas. As nossas igrejas irmãs tentaram fazer contatos, mas elas sabem muito bem que existem diferenças profundas de doutrina. As “Congregações Reformadas” são igrejas fechadas e nunca se abriram para ter contato oficial com as nossas igrejas irmãs, que - ao seu ver - tem uma doutrina liberal e uma pregação leviana, que oferece a graça de Deus a todo mundo, enquanto ela só pertence aos eleitos.

O fato que as Igrejas Reformadas (libertadas) de Holanda vivem separadamente das “Congregações Reformadas na Holanda e na America do Norte”; e o fato que as Igrejas Reformadas do Canadá vivem separadamente das “Netherlands Reformed Congregations” e das “Heritage Reformed Congregations” e das ““Free Reformed Churches of North America” , já nos mostram que as diferenças não são pequenas. Existe uma diferença entre reformados e puritanos. Ninguém deve se surpreender sobre isso.

E essa diferença é ainda maior se vamos comparar as Igrejas Reformadas com as Igrejas Presbiterianas. As Igrejas Reformadas (libertadas) na Holanda começaram a conhecer o mundo presbiteriano nos anos sessenta do século 20; hoje em dia elas têm muitos contatos oficiais com várias igrejas presbiterianas, como por exemplo, também com a Igreja Presbiteriana do Brasil. As Igrejas Reformadas do Canadá têm também contatos com igrejas presbiterianas, como por exemplo, com “The Orthodox Presbiterian Church (OPC)”. Tanto as nossas igrejas na Holanda, como também as nossas igrejas no Canadá reconhecem as igrejas presbiterianas como igrejas irmãs. Mas por outro lado elas sabem que existem diferenças na doutrina, na ética, na política eclesiástica e no estilo e conteúdo das pregações; por causa disso elas continuam a viver separadamente. Na Holanda não existem igrejas presbiterianas, mas no Canadá existem. Apesar disso, as igrejas reformadas no Canadá têm laços fraternais com a OPC, mas não vejo muito esforço para unir essas igrejas. Elas conhecem, reconhecem e respeitam as diferenças entre as duas confederações e continuam a viver separadamente. O que nós podemos aprender disso é: os reformados devem conhecer, reconhecer e respeitar as diferenças em doutrina, ética, política eclesiástica e no estilo e conteúdo da pregação e da liturgia dos puritanos; e por outro lado os puritanos devem conhecer, reconhecer e respeitar a posição dos reformados.

As Três Formas de Unidade (Confissão Belga (1561), Catecismo de Heidelberg (1563), e os Canones de Dort (1618/19)) a um lado e a Confissão de Westminster (1649) e os seus Catecismos ao outro lado, são confissões da grande Reforma. Cada uma tem a sua história e o seu conteúdo. A doutrina dessas confissões tem muitas coisas em comum, mas existem também diferenças. Não posso falar sobre isso neste momento, porque já falei muito. Devemos respeitar essas diferenças. Quem acha que a Confissão de Westminster é o final de um processo confessional: o príncipe entre pares no meio das confissões reformadas, ele facilmente despreza as Três Formas de Unidade. E quem acha que a Confissão de Westminster é um desvio da doutrina reformada inicial que se encontra nas Três Formas de Unidade, ele também tem que tomar cuidado a não desprezar a Confissão de Westminster e os seus Catecismos.

A história nos mostra que as duas confissões funcionam em confederações separadas: igrejas reformadas e presbiterianas. A história nos mostra também que haverá conflitos se quer misturar as duas confissões em uma só confederação. Presbiterianos e Reformados devem respeitar um ao outro; e igualmente os Reformados e os Puritanos. Os puritanos não são mais puros do que os reformados. Ambos são pecadores, que precisam ser lavados pelo sangue de Cristo. Ambos confessam: só pela fé, só pelo Cristo, só pela graça. Louvado seja o nome de Deus!
Pr. Abram de Graaf



terça-feira, 20 de julho de 2010

Tu também Bruno?


Já faz mais ou menos seis semanas que o goleiro Bruno, então jogador do Flamengo está no foco de toda a atenção. Todos os dias os jornais, as rádios e a televisão dão informações sobre o relacionamento dele com a jovem Eliza Samudio, que está desaparecida desde o início de junho deste ano. Segundo depoimentos ouvidos pela polícia, ela foi sequestrada e está morta. O goleiro Bruno é o principal suspeito de envolvimento no desaparecimento de Eliza.

O que chama a nossa atenção é o fato que diariamente dezenas de pessoas são assassinadas em todo Brasil, e raramente um desses casos chama tanto a atenção da mídia. Mas dessa vez a mídia caiu em cima do caso e desde o início de junho 2010 está observando e opinando todos os detalhes e aspectos desse caso e especialmente o envolvimento do goleiro Bruno. Eu me perguntei: por quê? Por que a mídia brasileira dá tanto valor a esse caso? Perguntei a várias pessoas o que elas acham disso e a grande maioria respondeu: a mídia dá tanta atenção ao caso porque o suspeito é goleiro do Flamengo!

Quer dizer: o clube do Flamengo é muito famoso e chama muito a atenção da mídia. Junto com outros clubes, como Palmeiras e Corinthians, Flamengo é um dos clubes mais fortes no campeonato brasileiro e por causa disso aparece regularmente na televisão. Até mais do que os outros, porque parece que Flamengo é um dos queridos da emissora Globo, considerando que ela transmite quase semanalmente o jogo do Flamengo contra um dos outros clubes.

Então o clube de Bruno é muito famoso. Tão famoso, que a diretoria do clube tomou a decisão de expulsar o goleiro Bruno do time, seja ele culpado ou inocente. Até sendo provado que ele é inocente, ele ficará fora do time por causa do dano que ele causou à marca do clube.

Pois é, os jogadores fazem parte da marca do clube. Um bom jogador chama a atenção da mídia e aumenta a fama do clube. Um jogador ruim difama o nome do clube e por causa disso pode ser expulso. Isso aconteceu com Bruno: ele acabou sendo uma das estrelas do seu clube e agora todo mundo ficou chocado. Como é possível que isso pudesse acontecer? Os jogadores profissionais de qualquer clube são admirados pelos seus torcedores. E servem como bons exemplos para os jovens, que sonham ter a oportunidade de ser um jogador excelente, torna-se famoso e ganhar milhares de reais.

Dá para entender que aqui no Brasil, onde o futebol é uma paixão nacional, um caso como de Bruno recebe muita atenção. Um dos grandes ídolos do povo caiu e é suspeito de ter feito coisas que ninguém podia imaginar. Eu tenho até a forte impressão que a maioria das pessoas se sente traída. Como é possível que um jogador famoso e rico fizesse isso? Os torcedores se sentem traídos, porque tudo o que aconteceu causou dano ao poder do seu clube. E o clube também reagiu assim, porque logo o expulsou, como se fosse traído por ele.

Pensando nisso me lembrei uma história antiga, que aprendi quando estudei Latim.
O nosso professor tinha o costume de sempre no final da aula contar uma história da antiguidade. E uma vez ele contou a história de Julius César, o grande Imperador do Império Romano. Ele era um grande general, que teve poucos amigos e muitos inimigos. Um dos seus amigos era Brutus, um jovem Senador. Julius confiava nele e sempre pediu seus conselhos.

No último dia da sua vida, Julius César andava em Roma e entrou numa rua onde um grupo de Senadores estava esperando por ele. Eles queriam matá-lo e o atacaram, mas o velho general se defendeu como um leão; ele quase conseguiu vencer, mas levou um grande susto antes de morrer, porque viu no meio dos Senadores o seu companheiro que não fez nada para ajudá-lo. O imperador descobriu que Brutus era cúmplice; ele fixou os olhos em seu amigo e as suas últimas palavras foram: “Es tu Brutu?” (quer dizer: “tu também Brutus?”). Essa expressão se tornou famosa e quer expressar o grande desprezo para com um traidor. Sinto isso também na intensa atenção da mídia brasileira sobre esse caso. Parece que querem dizer: TU TAMBÉM BRUNO? E Eliza Samudio? Será que ela pensou a mesma coisa antes de morrer?

quinta-feira, 1 de julho de 2010

AS ENCHENTES EM ALAGOAS E PERNAMBUCO SÃO UM CASTIGO DE DEUS?


Mais e mais informações estão disponíveis na Internet sobre as enchentes nos estados de Alagoas e Pernambuco. As imagens mostram um desastre! O furor da água destruiu milhares de casas e até cidades inteiras. Ainda nós nos lembramos a grande enchente no ano 2000, mas parece que as enchentes recentes foram mais destruidoras.

As pessoas estão admiradas com os efeitos desastrosos das enchentes e se perguntam sobre os motivos. Foram mencionados vários motivos, como por exemplo, a ignorância das pessoas, que construíram a sua casa à beira do rio; ou a falta de manutenção da infra-estrutura pelo governo; as pessoas falam sobre erros humanos, mas já ouvi algumas pessoas dizer que tudo isso foi o castigo de Deus. Deus está castigando aquelas cidades, que foram atingidas pelas enchentes. Houve pessoas em Barreiros (PE) que estavam dizendo que toda essa água servia para lavar o sangue do padre, que foi assinado naquela cidade.

Fiquei pensativo, quando ouvi isso. Imagine se fosse verdade no caso de Barreiros, isso não explicaria os desastres no resto do estado de Pernambuco, nem as enchentes em Alagoas. Sei que a Bíblia fala sobre a enchente do mundo inteiro na época de Noé; sei também que essa enchente foi causada pela corrupção, porque todo ser vivente havia corrompido o seu caminho na terra (Gênesis 6,12). Por causa disso Deus decidiu dar cabo de toda carne, porque a terra estava cheia da violência dos homens. Então, o dilúvio, que houve na época de Noé, era claramente um castigo de Deus. Sabemos também que Deus fez a promessa (Gênesis 8,21) que não amaldiçoaria mais a terra por causa do homem e não mais tornaria a ferir todo vivente, como fez. Deus não destruiria mais o mundo inteiro pela água, mas isso não quer dizer que Deus não poderia castigar certo local pelas enchentes, da mesma maneira como ele fez com as cidades Sodoma e Gomorra pelo fogo (Gênesis 19).

Apesar disso, devemos ter muito cuidado, quando observamos um desastre e logo tiramos conclusões sobre as vítimas. Um cristão não pode fazer isso. O próprio Jesus Cristo chamou a nossa atenção para não fazermos isso. Lemos sobre isso em Lucas 13. Ali está escrito:
“Naquele mesma ocasião, chegando alguns, falavam a Jesus a respeito dos Galileus cujo sangue Pilatos misturou com os sacrifícios que mesmos realizavam. Ele, porém, lhes disse: Pensais que esses Galileus eram mais pecadores do que todos os outros Galileus, por terem padecido estas coisas? Não eram, eu vo-lo afirmo; se, porém, não vos arrependerdes, todos igualmente perecereis. Ou cuidais que aqueles dezoito sobre os quais desabou a torre de Siloé e os matou eram mais culpados que todos os outros habitantes de Jerusalém? Não eram,eu vo-lo afirmo, mas se não vos arrependerdes, todos igualmente perecereis”. Lendo isso, eu poderia dizer: Ou pensais que aquelas cinqüenta e quatro pessoas que morreram na água eram mais culpadas que todos os outros habitantes de Alagoas ou Pernambuco? Não eram, eu vo-lo afirmo, mas se não vos arrependerdes, todos igualmente perecereis.
Essas palavras do nosso Mestre Jesus já nos impedem de tirar conclusões ignorantes e arrogantes sobre a vida das vítimas que morreram pelas enchentes. Mas não é somente isso.

Quem conhece a bíblia, ele sabe que existem muitos motivos, que podem explicar a razão de um desastre. Deixem-me dar alguns exemplos bíblicos.
1) O povo de Israel passou quarenta anos pelo deserto horrível onde eles passaram por muita fome. Qual foi o motivo? O profeta Moisés diz em Deuteronômio 8,2 : “Deus te guiou no deserto estes quarenta anos, para te humilhar, para te provar, para saber o que estava no seu coração”.

2) A Bíblia nos mostra também o desastre na vida de Jó. Jó perdeu tudo em um só dia; todos os seus bens e todos os seus filhos. E qual foi o motivo? O motivo foi para provar que Jó era um verdadeiro crente: um homem fiel a Deus. Satanás tinha dúvidas sobre isso. Ele questionou a fé de Jó. Ele provocou Deus dizendo (Jó 1,11): “Estende, porém, a mão, e toca-lhe em tudo quanto tem, e verás se não blasfema contra ti na tua face!” Então todos os desastres na vida de Jó serviam para humilhar e prová-lo, para revelar a fé que estava no seu coração.

3) O exemplo do bom Samaritano (Lucas 10). Jesus contou uma parábola sobre um homem, que foi assaltado. O motivo humano era a cobiça dos ladrões; mas existe também um motivo divino atrás disso, porque o homem assaltado servia como abre-olho. Ele estava sofrendo e quem o ajudaria? Os servos de Deus –o sacerdote e o levita – o deixaram sofrer e o passaram pelo outro lado da estrada, mas um estrangeiro –o bom samaritano- parou e o ajudou. Então o homem assaltado servia para revelar a falta de amor no coração do sacerdote e do levita.

4) O exemplo de Sodoma e Gomorra. Deus decidiu destruir as cidades, considerando que o clamor de Sodoma e Gomorra tem se multiplicado, e o seu pecado se tem agravado muito (Gênesis 18,20); Esse desastre foi claramente um castigo de Deus.

5) O exemplo das sete igrejas em Ásia menor (Apocalipse 2 e3); Essas igrejas foram avaliadas por Jesus Cristo e elas foram avisadas: “Lembra-te, pois, de onde caíste, arrepende-te e volta à prática das primeiras obras; e se não, venho a ti e moverei do seu lugar o teu candeeiro, caso não se arrependas”.

6) Existe também o exemplo do Faraó do Egito. Paulo fala sobre este caso em Romanos 9,17. O Faraó perseguiu o povo de Israel e queria destruí-lo; Ele foi uma praga para os Israelitas, mas ele mesmo foi castigado por várias pragas, que Deus enviou. Ele sofreu sob a mão poderosa de Deus e Paulo explicou o porquê: “Para isto mesmo te levantei, para mostrar em ti o meu poder e para que o meu nome seja anunciado por toda a terra”.

7) Deus pode mandar desastres para nos alertar e para mostrar: o paraíso não está aqui!
Jesus falou sobre os sinais do final do tempo: E certamente, ouvireis falar de guerras e rumores de guerras; vede, não vos assusteis, porque é necessário assim acontecer,mas ainda não é o fim. Porquanto se levantará nação contra nação, reino contra reino, e haverá fomes e terremotos em vários lugares; porém tudo isto é o princípio das dores.
O objetivo desses sinais é nos assustar e nos acordar para que vigiemos. Porque aquele que está vigiando até o fim, será salvo. Observem os sinais e fiquem vigiando, porque o Senhor voltará. Ele está vindo com as nuvens! As mesmas nuvens, que aparecem nos céus, cheias de água!

Sete motivos diferentes! Isso nos deixa com cautela para não reagirmos prematuramente quando observamos um desastre grande com um número elevado de vítimas. Nós não podemos reagir como os amigos de Jó, que acusaram Jó e lhe disseram: arrepende-te e confessa os teus pecados, enquanto Jó rejeitou essas acusações e defendeu a sua integridade. No final das contas Deus repreendeu os três amigos de Jó, dizendo: A minha ira se ascendeu contra ti e contra os teus dois amigos, porque não dissestes de mim que era reto, como o meu servo Jó.
Jó, que era justo, até devia interceder com orações para que Deus não os tratasse segundo a sua loucura.

Em vez de falar mal das pessoas que estão sofrendo por causa das enchentes, seria melhor orar para todas as vítimas e se lembrar que esse desastre também pode servir para revelar o que está no seu coração! Pensem na parábola do bom samaritano! Nós somos como o bom samaritano que viu a viíima ao lado da estrada e sentiu compaixão e o ajudou? OU somos como o sacerdote e o levita que viram a vítima, que estava sofrendo, mas a passaram sem fazer nada?

Ajude as vítimas das enchentes em Alagoas!
Para doação em dinheiro: Banco do Brasil, ag. 3557-2, cc 5241-8, Corpo de Bombeiros-Al.

quinta-feira, 17 de junho de 2010

OS PRESBÍTEROS NÃO SÃO POLICIAIS, MAS PASTORES



O assunto que quero tratar é um assunto pastoral e tem a ver com a disciplina na igreja. Especialmente com um aspecto da disciplina: a longanimidade da disciplina cristã. Essa longanimidade da disciplina cristã chama a atenção, se comparada com outras igrejas ou com o mundo em redor de nós.

Dois exemplos, que vem do mundo.

1. O Campo de Futebol.
Provavelmente não preciso explicar muito as regras de um jogo.
Existe um juiz no campo que pode disciplinar. Ele controla o jogo e admoesta os jogadores, se cometem infrações. Quem comete um erro recebe um cartão amarelo; se acontecer mais uma vez ele receberá o segundo cartão, que se transformará em um cartão vermelho. Quem recebe um cartão vermelho deve sair do campo: ele é excluído do jogo e depois disso o seu caso será avaliado e será decidido quantos jogos ele não poderá jogar.

2. Mais rigoroso ainda é o campo da cidade: as regras do trânsito.
Em frente da minha casa, eles acabaram de terminar uma pista nova, que mudou o movimento do trânsito. No mesmo dia que abriram a pista nova, dois guardas do Detran estavam posicionados para observar os motoristas. Eles estavam com um livrinho na mão para multar sem misericórdia os motoristas que cometessem um erro.
Muitos motoristas ficaram chateados e discutiram com os guardas pedindo misericórdia, mas eles foram duros e deram a multa. A discussão aconteceu no outro lado da parede e num certo momento ouvi um dos guardas dizer: Somos policiais e não pastores!

Isso me leva à pratica nas igrejas. Existe um grande contraste.

1. Existem igrejas que quase não conhecem uma prática de disciplina, como, por exemplo, a igreja de Roma. Uma pessoa, que cometeu um pecado pode visitar o padre para confessar o seu pecado, mas se não, o padre não o visitará para discipliná-la para que seja excomungado, se não se arrepender.

2. Existem outras igrejas rigorosas, como os as igrejas anabatistas e pentecostais, que conhecem uma disciplina rígida. Se um membro cometer um pecado, ele será logo excomungado, para que a igreja fique santa e sem mancha.

3. A prática das Igrejas Reformadas sempre era diferente das duas anteriores.
a. Em vez de ter um confessionário na igreja onde as pessoas podiam ir para confessar os seus pecados, as igrejas reformadas re-instituíram o ofício dos presbíteros, que deviam visitar todos os membros da igreja trimestralmente antes da celebração da Santa Ceia, para que a Santa Ceia não fosse profanada; (O domingo 30 do catecismo de Heidelberg (1563) é um bom exemplo disso). Então, o conselho não esperava até que os membros chegassem ao conselho, mas o conselho procurava os membros para admoestá-los, edificá-los e consolá-los. O contraste com a igreja de Roma é que as igrejas reformadas renovaram a prática de ter uma disciplina cristã;

b. Mas essa prática era diferente da prática das igrejas anabatistas, que criticaram as igrejas reformadas por ter uma disciplina fraca e mole. Elas deviam ser mais rígidas e ter uma disciplina rigorosa, porque têm que manter a igreja santa!

Essa crítica não é antiga, mas existe até hoje. Especialmente membros que vem de uma igreja pentecostal se assustam com a prática de disciplina, que trata os membros com muita longanimidade.

Em 2006 tivemos uma discussão na nossa igreja a respeito da nossa prática de disciplina. Durante dois anos tratamos um casal, que vivia como gato e cachorro. Um momento eles estavam brigando, outro momento eles se arrependeram quando foram admoestados; mas algumas semanas depois tudo acontecia de novo. Eles foram afastados da santa ceia e receberam regularmente visitas pastorais. Tratamos o caso com muita longanimidade, mas houve um membro que considerou isso como falta de disciplina. Os dois já deviam ser excomungados, para que a igreja ficasse santa e imaculada; Nós defendemos a posição que a disciplina cristã serve para levar o membro ao arrependimento, para que seja salvo por Cristo. Isso é o primeiro objetivo da disciplina cristã; a santidade (ou melhor: a pureza) da igreja está no segundo plano.

De fato nunca teremos uma igreja pura e santa aqui na terra; devemos lutar para manter a igreja santa, mas considerando Efésios 5, 27-29 a igreja só será santa e pura em Cristo Jesus, que a santifica e purifica, para apresentá-la a si mesmo na gloriosa, sem mácula, nem ruga, nem coisa semelhante, porém santa e sem defeito.
Assim será a igreja no dia final, na glória, mas aqui na terra nunca conseguiremos a pureza e perfeição da igreja;

Este texto foi um dos textos importantes nas discussões entre as igrejas reformadas e as igrejas anabatistas no século 16; Houve vários encontros entre ambas para discutir as diferenças teológicas. Uma dessas discussões aconteceu na cidade de Emden em 1578;

Foi naquela época e baseado naquelas discussões que as igrejas reformadas mudaram a prática da disciplina e introduziram a diferença entre 1) a excomunhão definitiva e 2) a excomunhão provisória ( quer dizer: afastar um membro, que caiu em pecado, da santa ceia; e depois continuar com o processo da disciplina até a excomunhão; dessa forma as igrejas reformadas criaram espaço e tempo para visitar e admoestar o membro, que caiu em pecado, para que se arrependa e se converta.

Esse assunto foi um ponto de discussão entre as igrejas reformadas e as anabatistas. (25 de Fevereiro até 17 de Maio 1578); Uma das teses era a seguinte: É necessário ter admoestações antes da excomunhão? Sim ou não? O representante dos anabatistas disse: “De acordo com Mateus 18 e Lucas 17 temos que perdoar repetidamente o irmão, que pecou contra nós, mas temos que excomungar logo aquele que pecou contra Deus”. O motivo: “porque se não, como manteremos a congregação de Deus pura?”

Os representantes reformados enfatizaram que essa visão sobre a santidade da congregação não era de acordo com as Escrituras: “a pureza da congregação de Deus não existe somente na excomunhão, mas no sangue e no Espírito de Cristo”. E apontaram para Efésios 5, especialmente os versículos 25 até 27;
“Cristo mesmo amou a igreja e a si mesmo se entregou por ela, para que a santificasse, tendo-a purificado por meio da lavagem de água pela palavra, para a apresentar a si mesmo igreja gloriosa, sem macula, nem ruga, nem coisa semelhante, porém santa e sem defeito”.

Essa referência é importante porque podemos observar a diferença entre a visão subjetiva dos anabatistas sobre a igreja e a sua pureza e a visão reformada que enfatiza a posição fundamental de Cristo na igreja. O sacrifício de Cristo nos lava e purifica; o batismo nos ensina isso. Veja Domingo 27 do catecismo de Heidelberg, pergunta 72: “Somente o sangue de Jesus Cristo e o Espírito santo nos purificam de todos os pecados”.

Os membros são lavados e purificados em Cristo Jesus. E quando um membro se desvia, ele deve ser disciplinado! (quer dizer: discipulado!! Por meio de visitas e conversas ele deve ser instruído, edificado e admoestado para se arrepender e buscar a sua salvação em Cristo Jesus. A disciplina começa com conversas e admoestações, enquanto o processo de excomunhão começa quando fica claro que o membro se endurece e não quer se converter; se chegar a esse ponto de resistência o conselho começará o processo de excomunhão, com os três passos e anúncios, que encontramos no nosso Regimento.

Mateus 18 não fala sobre uma diferença entre o pecado contra os homens e o pecado contra Deus. Os reformados rejeitaram essa idéia em Emden. Jesus não nos ensina qual pecador devemos excomungar, mas nos ensina como devemos admoestar o pecador antes de excomungá-lo.

Tem que ter várias conversas; tem que intensificar as admoestações, tem que deixar claro que não é uma opinião particular contra uma outra opinião particular, mas as testemunhas em Mateus 18 servem para fortalecer o testemunho da palavra de Deus! A palavra de Deus que todos conhecem. Por causa disso a igreja é ativada! Para que seja claro que o pecador está num outro caminho; A igreja deve guardar a palavra de Cristo. (1 Tim. 3, 14-16!);

Naquela reunião foi mencionado também Ezequiel 33: a atalaia deve avisar o pecador do perigo grande e grave; Se não, ele mesmo será culpado! Cristo mesmo avisou os seus discípulos antes da infidelidade deles e orou por eles (Luc. 22,32) e depois os buscou e falou com eles (João 21) antes de restaurar a posição deles e ativá-los na congregação.
Temos um bonito exemplo da longanimidade de Jesus com os seus discípulos, que caíram várias vezes no mesmo pecado.

NB
Primeiro anúncio de Jesus da sua morte na cruz; (Mc. 8,31)
A reação de Pedro: revoltado (Mc. 8,32-33)
Ensino: o discípulo de Jesus deve levar a sua cruz (Mc. 8, 34-38)

Segundo anúncio de Jesus da sua morte na cruz; (Mc. 9,38-41)
A reação dos discípulos: quem era o maior? (Mc. 9,34)
Ensino: a maior no Reino dos céus: o mais humilde! (Mc 9, 35)

Terceiro anúncio de Jesus da sua morte na cruz; (Mc. 10, 32-34)
A reação de Tiago e João: os primeiros lugares! (Mc. 10, 35eov)
Ensino: quem quiser tornar-se grande entre vós, será esse o que vos sirva.

Ensino antes da festa da Páscoa! (João 13)
Jesus quer lavar os pés; A reação de Pedro: não!
Ensino: humildade! Eu, o mestre, vos lavei os pés. Também vós deveis lavar os pés dos outros!

Finalmente Jesus se entregou para ser crucificado.
Reação dos discípulos: vergonha, tropeço, fugir;
Ensino: Humildade. Jesus se humilhou até a morte (Filip. 2,7-8); Humildade!

Então: Jesus ensinou com muita paciência e tratou os seus discípulos com muita longanimidade; Ele os deu um exemplo! Ele os ensinou a ser humildes! Da mesma maneira eles deviam ensinar os membros da congregação e tratá-los com longanimidade! Veja 1 Pedro 5: 1-4; especialmente versículo 3! E os membros devem ser humildes e submissos (1 Pe. 5: 5-6) De fato esse é um dos grandes temas da primeira carta de Pedro: seja humilde e obediente.(1 Pe. 1,14.22; 2,13.18; 3,1.8(!)) e enfatiza também da longanimidade de Deus (3,20; 2 Pe. 3,9).

Essa longanimidade de Deus é um exemplo para nós. Paulo disse isso em Efésios 4, 1-3! E Jesus ensinou isso também aos seus discípulos por meio da parábola do joio no meio do trigo (Mt. 13:36-43);

Faz parte da obra pastoral: cuidar do rebanho e daqueles que são fracos e irregulares. Orientá-los e edificá-los; com paciência e longanimidade como os professores fazem na escola; Só podemos fazer isso se conhecermos as nossas fraquezas; Fazemos isso com humildade, se conhecermos a nossa natureza pecaminosa e se sabemos que a Igreja de Cristo não é perfeita e nunca será perfeita aqui na terra.

Cristo mesmo purificará a sua noiva pelo sacrifício do seu sangue. A igreja é santa aqui na terra, mas isso não quer dizer perfeita! Compare com 1 Coríntios 1, 2: "Aos santificados em Cristo Jesus, chamados para ser santos". Paulo chama a igreja santa (ou santificada), mas ela não é perfeita; existem manchas Cap. 5 e 6, 8-10, 11. A carta nos mostra que tem pecadores e a congregação não faz nada!

Os membros são santos em Cristo, mas isso não quer dizer que somos perfeitos; Oração: dá-nos o pão de cada dia E perdoe-nos os nossos pecados (cada dia!).

Os oficiais são santificados em Cristo, mas também não são perfeitos; Prestem atenção nos apóstolos! Pedro (João 21) e Paulo (Romanos 7, 13-20); Eles queriam ser perfeitos, mas não conseguiam (Filip. 3);

Os oficiais devem ser humildes!
HUMILDES POR CAUSA DOS SEUS PECADOS!
HUMILDES PARA SERVIR CRISTO.

Se escolhermos os oficiais, escolheremos os homens mais perfeitos, ou os homens mais humildes? Escolheremos aqueles homens que conheçam as suas fraquezas e o poder do pecado na sua vida e que conheçam a graça de Deus e o poder do sacrifício de Cristo na sua vida.
Esses homens humildes não se levantam no meio da congregação para julgar e multar, mas eles têm misericórdia com os irmãos e trabalham na congregação para levar os pecadores para Cristo para que sejam salvos;

Homens que se exaltam por causa da sua santidade, por causa da sua disciplina rigorosa, por causa do seu zelo em guardar os mandamentos de Deus; esses homens se tornam zelotes que andam com o chicote da santidade na congregação, e esquecem facilmente que ninguém é puro ou sem manchas; todos nós somos miseráveis pecadores e precisamos do sangue de Jesus.

Não precisamos de presbíteros arrogantes com livrinhos para registrar e multar os pecados, mas presbíteros humildes que lavaram as suas almas no sangue de Jesus Cristo;

Homens humildes que se submetem a Cristo. Homens que conhecem a Palavra de Deus; Homens que oram a Deus e pedem ajuda e orientação; homens que confiem no poder de Deus. Não precisamos de managers que sabem organizar uma empresa; LÍDERES nas empresas tem muitas dificuldades de ser SERVOS na igreja.

Os presbíteros devem se manifestar como exemplos de Cristo (João 13; Filip. 2,3; 1 Pedro 5,3); Eles representam Cristo como servo. Humildade define a atitude com os irmãos que caem em pecado: paciência, misericórdia, vontade para perdoar, vontade para ensinar, paciência com os fracos; sabem perdoar, não uma vez, nem duas vezes, mas 7 vezes 70!
Os que procuram no primeiro lugar a perfeição da congregação, não terão paciência com os fracos; primeiro disciplinar, depois falar. Primeiro atirar, depois falar. Lucas 9, 51-55!

PERGUNTAS PARA AUTO EXAME:

1. Você se acha uma pessoa humilde?
O que a sua esposa acha? o que os seus colegas acham? O que os seus amigos acham?

2. Existem pessoas mais humildes do que você?

3. VOCÊ ESTÁ SERVINDO JESUS?
O que a sua esposa acha? O que os seus colegas acham? O que os seus amigos acham?

4. Como você está servindo Jesus?

5. Você sabe que Jesus é seu SENHOR, mas você sente isso também na sua vida? Jesus manda na sua vida?

terça-feira, 1 de junho de 2010

EXISTE PERDÃO PARA PADRES OU PASTORES QUE SÃO PEDÓFILOS?


Prezado leitor,

Faz pouco tempo que a população do Brasil foi chocada com as denúncias envolvendo casos de pedofilia entre dois monsenhores e dois padres com coroinhas da cidade de Arapiraca (Al). De fato não foi a primeira vez que isso aconteceu, porque em 2005 houve um outro caso em Anápolis (Góias), quando o Frei Tarcísio Tadeu Sprícigo, foi condenado a dez anos de prisão por abuso sexual contra menores.

O caso em Arapiraca chamou a atenção de toda mídia brasileira, porque foram envolvidos dois padres e dois monsenhores e houve provas incontestáveis, porque os coroinhas apresentaram um filme, que mostrava o envolvimento homo-sexual de um dos monsenhores com um dos coroinhas. As imagens foram chocantes. Além disso, houve o testemunho de um dos padres, que afirmou todas as acusações.

Esse caso de pedofilia não é um problema isolado dentro da Igreja Católica Romana aqui no Brasil. O que chama a atenção é que atualmente existem também alguns casos na Alemanha e Itália; e faz um ano que um padre foi condenado na Inglaterra e alguns anos atrás houve muita comoção nos Estados Unidos onde aconteceram casos similares.

E não devemos pensar que essas coisas só acontecem na Igreja Católica Romana, porque posso lhes dar uma lista de casos que aconteceram em outras igrejas e em outros países. Em Janeiro 2009 um pastor da Assembléia de Deus, em Rubim, foi preso por pedofilia; No mesmo mês um ex-pastor das igrejas reformadas em Holanda foi condenado porque estava colecionando fotografias pornográficas de menores de sete até quatorze anos; em abril 2008 um pastor evangélico foi preso em flagrante em Jacarepaguá, na zona oeste do Rio de Janeiro, quando estava com crianças dentro do carro em um terreno baldio; e em Julho 2007 um músico brasileiro da Igreja Batista da Lagoinha, que tem sua sede em Belo Horizonte, foi preso nos Estados Unidos, suspeito de molestar sexualmente quatro crianças.

Menciono todos esses casos para que as pessoas não pensem que o problema da pedofilia só existe na Igreja Católica Romana. Quem fizer uma pesquisa descobrirá que o problema existe em qualquer país e em qualquer igreja. Talvez possamos dizer: O problema está no coração do homem. Não somente no coração dos padres e dos pastores, mas no coração de qualquer pessoa. Isso fica ainda mais claro se falaríamos sobre outros pecados sexuais, que a bíblia aponta como sodomia e adultério (1 Cor. 6,9).

O grande profeta Jesus abriu os olhos das pessoas para não observar as coisas isoladamente, mas para examinar no primeiro lugar o próprio coração antes de julgar outras pessoas. Ele disse: Ouvistes que foi dito: Não adulterarás. Eu, porém, vos digo: qualquer que olhar para uma mulher com intenção impura, no coração, já adulterou com ela. E quando os moralistas daquela época lhe trouxeram uma mulher adúltera surpreendida em flagrante para que a condenasse, Jesus disse aos acusadores: “Aquele que dentre vós estiver sem pecado seja o primeiro que lhe atire pedra”. Nenhum dos acusadores teve coragem de condenar a mulher, porque todos conheciam bem o seu próprio coração impuro.
Falando sobre isso, não quero diminuir a gravidade do pecado de pedofilia, que é um pecado contra menores, que são facilmente enganados e dominados para fazer coisas contra a sua vontade.
A lei brasileira
A lei brasileira não possui o tipo penal "pedofilia". Entretanto, a pedofilia, como contato sexual entre crianças e adultos, se enquadra juridicamente no crime de estupro de vulnerável (art. 217-A do Código Penal) com pena de oito a quinze anos de reclusão e considerados crimes hediondos.
Ligado com a pedofilia existe também a divulgação de pornografia infantil. Isso também é crime no Brasil, passível de pena de prisão de dois a seis anos e multa. Artigo 241, do Estatuto da Criança e do Adolescente (Lei nº 8.069/90): Apresentar, produzir, vender, fornecer, divulgar ou publicar, por qualquer meio de comunicação, inclusive rede mundial de computadores (
internet), fotografias ou imagens com pornografia ou cenas de sexo explícito envolvendo criança ou adolescente. Em novembro de 2008, a abrangência da lei aumentou, e a pena máxima de crimes de pornografia infantil na Internet aumentou de 6 para 8 anos.
A lei da Igreja Católica
O que chamou a minha atenção assistindo o programa na televisão que mostrou o processo contra os monsenhores e os padres em Arapiraca, foi que um dos monsenhores numa entrevista, feita antes do processo, disse que o pecado da pedofilia é um “pecado mortal”. Provavelmente nem todo mundo conhece essa distinção entre o pecado ‘normal’ e o pecado ‘mortal’. Então quero esclarecer isso. De acordo com a Wikipédia: o pecado mortal é cometido "quando, ao mesmo tempo, há matéria grave, plena consciência e deliberado consentimento. Este pecado destrói a caridade, priva-nos da graça santificante e conduz-nos à morte eterna do Inferno, se dele não nos arrependermos sinceramente”. De acordo com a Igreja Católica Romana existe uma diferença entre o pecado ‘mortal’ e ‘venial’, que é considerado mais leve. O pecado ‘venial’ é feito sem pleno conhecimento ou sem total consentimento e não quebra a aliança com Deus. Eu não pretendo discutir essas distinções, porque no meu ver qualquer pecado é mortal, se dele não nos arrependermos sinceramente.
Então existe perdão?
De acordo com a Igreja Católica existe perdão para as pessoas que cometeram o crime de pedofilia, se a pessoa se arrepende sinceramente. Isso combina com uma palavra de Jesus, que disse (Mc. 3,28): Em verdade vos digo que tudo será perdoado aos filhos dos homens: os pecados e as blasfêmias que proferirem. Mas por outro lado temos uma palavra séria de Jesus, que devemos analisar antes de tomar uma conclusão. O mesmo Jesus disse também em Mateus 18:6-9 Qualquer, porém, que fizer tropeçar a um destes pequeninos que crêem em mim, melhor lhe fora que se lhe pendurasse ao pescoço uma grande pedra de moinho, e fosse afogado na profundeza do mar. Ai do mundo, por causa dos escândalos; porque é inevitavel que venham escândalos, mas ai do homem pelo qual vem o escândalo! Portanto, se a tua mão ou o teu pé te faz tropeçar, corta-o e lança-o fora de ti; melhor é entrares na vida manco ou aleijado do que tendo duas mãos ou dois pés, seres lançado no fogo eterno. Se um dos teus olhos te faz tropeçar, arranca-o e lança-o fora de ti; melhor é entrares na vida com um só dos teus olhos do que tendo dois, seres lançado no inferno de fogo.
O Julgamento de Jesus
As palavras de Jesus são bem radicais a respeito daqueles que fazem tropeçar um destes pequeninos que crêem nele. Um pessoa pode se perguntar se Jesus está falando sobre o pecado de pedofilia ou sobre qualquer pecado que deixa tropeçar um dos seus pequeninos. Parece que Jesus fala sobre qualquer pecado, que pode tropecar um destes pequeninos, então isso inclui também o pecado de pedofilia. Prestem atenção que Jesus não fala sobre o carater do pecado, mas sobre o efeito do pecado. Qualquer pecado que deixa um dos seus pequeninos tropeçar é considerado grave. Tão grave que lhe “ fora melhor que se lhe pendurasse ao pescoço uma grande pedra de moinho, e fosse afogado na profundeza do mar”. Considero essa palavra de Jesus muito rigida. Porque de fato Jesus está dizendo: é melhor que tal pessoa se jogasse no mar para morrer do que cometer tal crime. Porque quem comete tal crime sofrerá no fogo eterno.
Esse julgamento de Jesus é bem radical, mas no mesmo momento penso nas crianças, pré-adolescentes ou adolescentes que se tornaram vítimas de pedofilia, incesto ou estupro. E especialmente aqueles que foram as vítimas de pastores e padres ou de qualquer oficial da igreja de Cristo. Um representante de Cristo, que devia pastorear o rebanho de Cristo, mas que fez o contrario e causou um trauma na vida da sua vítima (um dos pequeninos, que crêem em mim), que por causa disso se afastou de Jesus. Qualquer, porém, que fizer tropeçar a um destes pequeninos que crêem em mim, melhor lhe fora que se lhe pendurasse ao pescoço uma grande pedra de moinho, e fosse afogado na profundeza do mar. Porque Jesus disse isso? Por que é melhor ser afogado na profundeza do mar, do que fazer tropeçar um destes pequeninos que crêem em Jesus? Provavelmente, porque é melhor morrer puro na profundeza do mar, do que morrer impuro na profundeza eterna do inferno.
O último Julgamento
Jesus fala sobre o último julgamento em Mateus 25. Não preciso falar sobre todos os detalhes. O que jesus quer dizer é que haverá um julgamento no dia final, quando Jesus voltará sendo o Supremo Juiz que julgará os vivos e os mortos. O que chama a atenção na parábola é que Jesus se identifica com os seus ‘pequeninos ‘ aqui na terra. Quem deu um copo de água à um dos pequeninos de Jesus, o deu a Jesus mesmo. “Em verdade vos afirmo que, sempre que o fizeste a um destes meus pequeninos irmãos,a mim o fizeste”, disse Jesus. E quando uma pessoa tratou mal um dos irmãos de Jesus, Jesus considera isso como uma ofensa pessoal. Talvez é forte o que vou dizer agora, mas quem cometeu um crime de pedofilia com um dos pequeninos que crêem em Jesus ouvirá no dia final: sempre que o fizeste a um destes meus pequeninos irmãos, a mim o fizeste. Apartai-vos de mim, malditos , para o fogo eterno, preparado para o diabo e os seus anjos (Mt. 25,41).
Então não existe perdão?
Não posso dizer isso. Nao podemos negar a palavra de Jesus,que disse (Mc. 3,28): Em verdade vos digo que tudo será perdoado aos filhos dos homens: os pecados e as blasfemias que proferirem. Sabemos que Deus perdoou pecados de incesto, assassinatos, mentiras e, mesmo os pecados de Paulo como perseguidor da igreja. Não considero o pecado de pedofilia menos leve em comparação com o pecado de assassinato. Pior ainda se for cometido por um pastor ou um padre: em ambos os casos ele é um tropeço, não somente para a vítima, mas também para todos os fiéis que perderam a sua confiança nos oficiais da igreja e se afastaram dela por causa disso.
Mas observando o caso de Davi, que recebeu perdão dos seus pecados, enquanto foi um homem de Deus, que cometeu adulterio com uma mulher e assassinou o marido dela, devemos dizer que existe perdão. Salmo 51 e salmo 32 são bons exemplos do arrependimento de Davi. E Salmo 32 foi feito para nos ensinar a respeito do caminho que um pecador deve seguir: confessar a Deus as transgressões.
Jogar pedras ou pedir perdão?
Como devemos reagir quando observamos essas coisas acontecerem? A primeira reação é apontar o dedo, condenar os homens que cometeram esse crime e jogar pedras (ou palavras) pesadas para acabar com eles. A tentação é essa, mas a Bíblia nos ensina um outro caminho. O apóstolo João disse: Se alguém vir a seu irmão cometer pecado não para morte, pedirá, e Deus lhe dará vida, aos que não pecam para morte (1 João 5,16); Jesus também nos ensinou a orar: Pai, perdoa-nos as nossas dividas, assim como nós temos perdoado aos nossos devedores. Então quero terminar com uma oração.

Pai, abençoe-nos com ansiedade
ouvindo respostas fáceis, meias verdades
e tendo relações superficiais,
para que o teu amor se aprofunde em nossos corações.

Pai, abençoe-nos com a raiva
observando a injustiça, a opressão e a exploração de crianças.
Para que lutemos em favor da justiça, da liberdade e da paz.

Pai, abençoe as nossas lágrimas derramadas
por aqueles que sofrem profundamente,
por causa da vergonha, da maldade, do repúdio, ou do estupro violento.

Pai, abençoe as nossas mãos para abraçar e consolar
a fim de transformar a dor em alegria.

Pai, abençoe a nossa fé,
pela qual podemos fazer o impossível.
Dê-nos um pouco fé -do tamanho de um grão de mostarda-
para que consigamos lutar contra o monstro da pedofilia,
que é um tropeço para os seus pequeninos.

O Supremo Pastor, procure os teus pequeninos, que foram afastados de ti; cuide das tuas ovelhas e dos seus pastores; não deixa-os cair em tentação, mas livre-os do mal. Amém.

quinta-feira, 8 de abril de 2010

Corpos descartáveis?

Prezado leitor,

Faz pouco tempo que participei de um culto em que ouvi uma declaração oficial do púlpito informando a congregação que uma jovem da igreja confessou que teve uma vida impura com o seu namorado; Graças a Deus ela se arrependeu e prometeu a viver uma vida santa perante Deus e no meio da congregação;
Essa declaração foi feita por dois motivos. No primeiro lugar para que a congregação reagisse como os anjos que estão no céu, porque cada vez que um pecador se arrepende haverá um júbilo diante dos anjos de Deus, disse Jesus em Lucas 15,10.

E o segundo motivo foi que toda a congregação se examinasse neste ponto, porque o pregador deixou claro que essas coisas acontecem facilmente fora da igreja, mas também dentro da igreja
Ele nos deu o exemplo dos Fariseus, que levaram uma pecadora a Jesus, para que julgasse essa mulher que foi pega em flagrante. Mas Jesus não reagiu. Ele simplesmente disse (João 8:7): Aquele que dentre vós estiver sem pecado seja o primeiro que lhe atira pedra! Jesus usou o caso da mulher como exemplo para que as pessoas examinassem a sua própria vida e o seu próprio coração! Aquele que dentre vós estiver sem pecado seja o primeiro que lhe atira pedra!

Pensando nessa reação do nosso Salvador Jesus, quero fazer a mesma coisa. Devemos nos examinar e nos perguntar como é possível, que tais coisas acontecem no nosso meio cristão? Como está com o exemplo dos pais aos seus filhos? Os pais têm uma vida santa em casa? Os pais são um bom exemplo para os filhos? Os pais falam com os seus filhos sobre o namoro santo dos filhos de Deus; ou eles ficam calados e deixa a televisão definir o moral sexual dos seus filhos? Como está na sua casa: o seu filho ou a sua filha está todo dia assistindo o programa “A Malhação”? E você como pai e mãe já assistiu esse programa? Já viu como a Globo usa esse programa para ensinar os seus filhos para ter uma vida impura; amizades sem vergonha; onde moços ficam por um tempo com uma moça, usam preservativos, para ter sexo sem problema; onde uma moça virgem pede ao amigo para ter sexo com ela. Tudo isso passa pela televisão e entra na cabeça dos seus filhos se assistem àquele programa. O programa se chama “a malhação”, mas merece ser chamado “A Maldição”!

Agora, irmãos, observando isso, nós podemos dizer que o moral mudou muito nos últimos anos e ainda está mudando, por causa da imoralidade, que assistimos nas novelas e nos filmes, que passam pela televisão. A moralidade dos nossos jovens não está melhorando, mas piorando. E não digo isso para apontar o meu dedo somente para os jovens, mas também para os pais. Os pais que não falam nada e que deixam a televisão falar. Ouvi histórias sobre o passado, dizendo que os noivos só podiam conversar enquanto a mãe ou o pai estava presente. Os noivos não podiam se encontrar fora da companhia dos pais.

Esta situação não existe mais. Hoje em dia tem muitas oportunidades para se encontrar e para fazer tudo o que não é licito. Os noivos saem à noite e voltam às duas ou três horas da madrugada e ninguém sabe onde eles estavam. Pode ser na casa de um amigo, pode ser na praia, pode ser num motel. Quem sabe? Ninguém, porque o filho faz o que ele quer; e pai e mãe deixam-no. Assim é a situação no mundo, mas como está a situação dentro da igreja?

Vocês, pais, verificam como está com a sua filha no meio da noite? Ela pode ficar junto com o namorado na escuridão? Não será uma grande tentação? Se acha que é, vocês falam sobre isso e ficam atentos ou vão dormir e fecham os olhos? Talvez não se preocupe mais sobre o que pode acontecer, porque já aconselharam a filha de usar anticonceptivos, para que nenhuma coisa possa acontecer. Existem pais que apóiam silenciosamente a imoralidade dos filhos, porque eles fazem o que os próprios pais queriam fazer antigamente, mas não podiam. O que chama a minha atenção é que a maioria dos casos de disciplina na igreja tem a ver com o quarto mandamento e o sétimo mandamento. Membros da igreja fizeram adultério, porque não temiam a Deus e por causa disso eles se afastaram da igreja e não visitam mais os cultos, porque não temem a Deus.

Agora prestem atenção o que a palavra de Deus diz:
Digno de honra entre todos seja o matrimônio,
bem como o leito sem mácula;
porque Deus julgará os impuros e adúlteros.

O nosso texto começa a dizer: Digno de honra entre todos seja o matrimônio. Literalmente o texto diz: Seja o casamento precioso para todos vocês. Eu sei: hoje em dia muitas pessoas não pensam assim, mas a Bíblia fala assim. A Bíblia nos ensina que o casamento é um tesouro que nós recebemos de Deus, que o instituiu. Portanto o casamento deve ser honrado por todos.

‘Por todos’, quer dizer: todos na igreja. E no primeiro lugar devemos pensar em todos que são casados. Eles devem mostrar na sua vida matrimonial de dia em dia que o casamento é digno de honra. Eles devem mostrar na sua vida cotidiana que o casamento é uma benção de Deus. Deus instituiu o casamento no paraíso e de certa forma nós podemos observar no casamento cristão um aspecto do paraíso no nosso casamento. Se existe um convívio santo entre o homem e a sua mulher na presença de Deus, a benção de Deus fortalecerá esse casamento e deixa esse casamento florescer, como um jardim cheio de flores. O poder do Espírito Santo estabelecerá isso.
Eu me lembro bem que houve um encontro de jovens alguns anos atrás e que os jovens disseram que ficaram impressionados com os casais na nossa igreja e que eles também queriam um casamento cristão, porque deu para ver que os casais se trataram com respeito e amor. Eles reconheciam que o casamento cristão não é sempre um paraíso, mas o sacrifício de Jesus nos ensina a ser humilde e a perdoar um ao outro e isso é um aspecto que os casamentos no mundo não têm. Uma discussão se torna facilmente uma confusão, com brigas e problemas se o casal não aprendeu a viver como Cristo nos ensina, o casamento se torna facilmente um campo de batalha. Para muitas pessoas o casamento não é um paraíso, mas uma prisão. Um lugar cheio de brigas e confusão; o casal briga com palavras ou pior ainda: eles ficam calados por vários dias. Ele não diz nada para ela ficar calada para não piorar a situação. Eles não conseguem ficar na mesma mesa, nem na mesma cama. E se nada acontecer, o casamento terminará em uma separação definitiva.

Sabe, irmãos, que mais do que a metade dos casamentos termina assim? Existem pessoas que já se casam com o pensamento: se não der certo, separaremos e vamos ver. Esse tipo de pessoa despreza o casamento. O casamento é considerado como alguma coisa descartável. Você usa a mulher e se não gosta mais, pode jogá-la no lixeiro. Muitas pessoas, que vivem no mundo pensam assim. Mas a Bíblia diz: Seja o casamento precioso para todos vocês.

Como já disse: essa palavra é no primeiro lugar para os pais: pai e mãe. Eles devem mostrar aos seus filhos que o casamento é alguma coisa preciosa. Alguma coisa bonita, que vale salvar. Tem que investir muito amor para receber um casamento, que vale. Tem que investir amor para receber amor. O parceiro deve sentir: o meu marido não é perfeito, mas ele me ama e nunca mais encontrarei um homem melhor. E ele deve sentir isso também: amo a minha esposa. Ela não é perfeita, mas se eu preciso de alguém para me ajudar, ela está pronta e sei que não encontrarei nenhuma mulher melhor do que ela! E as crianças devem sentir isso. Papai e mamãe se amam. Às vezes tem discussões, às vezes tem uma briga, mas eles sabem resolver essas situações, porque se amam; eles sabem fazer as pazes, porque eles respeitam o seu casamento, que foi feito perante Deus; O casamento é precioso para eles.

Se as crianças observam isso na casa dos seus pais, elas mesmas aprendem a honrar o casamento, que Deus nos deu. Já foi provado que as crianças que vem dum casamento que foi anulado, porque a vida em casa era um inferno; essas crianças têm grandes dificuldades em honrar o casamento. Elas receberam um exemplo errado: o casamento não é um lugar bonito, mas um lugar horrível, cheio de brigas e confusão; elas não aprenderam a amar, mas a brigar, porque os seus pais viviam assim.

Agora, na igreja de Cristo os nossos filhos devem receber bons exemplos e os pais devem mostrar que o casamento é uma coisa preciosa. Eles devem ensinar aos filhos que a intimidade que existe entre um casal é uma coisa tão preciosa, que Deus colocou uma proteção em redor do casamento com uma placa, que diz: não adulterarás. Adultério é um perigo, uma ameaça para qualquer casamento. E sempre acontece quando a relação entre o homem e a sua esposa está fraca. Quando tiverem discussões e confusão, Satanás está perto com uma terceira pessoa para destruir o casamento. E por causa disso, Deus disse: Não adulterarás. O casamento é precioso para o homem e a sua esposa; eles devem lutar para salvar seu casamento. A mulher não é uma coisa descartável, que pode jogar no lixeiro se ficar velha para pegar uma outra, mais nova. Deus não aprova isso. Deus julgará os adúlteros e também os impuros.

A palavra de Deus em Hebreus 13, 4 fala sobre dois grupos. Deus julgará os impuros e os adúlteros.
Os adúlteros são aquelas pessoas que são casadas, mas tem relações sexuais com outras pessoas fora do casamento; Os adúlteros são também pessoas que não são casados, mas têm relações sexuais com uma pessoa que é casada. Deus os julgará.

Agora, os impuros não são necessariamente adúlteros; mas são casados que fazem coisas impuras: coisas impuras dentro do seu casamento: coisas impuras que manifesta um desprezo do parceiro; assistindo pornô na televisão ou na internet p.e.; Mas os impuros se encontram também entre as pessoas que ainda não são casados,
Impuros são também os solteiros que fazem coisas impuras; Impuros são aqueles jovens que tem uma mente impura, e gostam de contar piadas impuras, e falar sobre a vida de outras pessoas, como se elas tivessem uma vida impura; espalhando fofocas impuras; Pessoas impuras podem ser também jovens, que ficam por um tempo com uma moça e logo busca uma intimidade avançada com essa moça e se não quer, eles terminam o namoro e procuram uma outra moça; impuros são também os namorados, que depois três, quatro meses buscam uma intimidade, que faz parte do casamento e não do namoro; impuros podem ser também os noivos, que ainda não são casados, mas já vivem como casados! Quem vive assim despreza o casamento; e quem vive como impuro não entrará no reino de Deus. Deus os julgará.
A Palavra de Deus diz isso claramente aqui, mas também em 1 Cor. 6: 9: Não vos enganeis, nem impuros, nem idolatras, nem adúlteros, nem efeminados, nem sodomitas herdarão o reino de Deus. Deus os julgará.

São palavras duras, mas a referência ao julgamento de Deus é necessária. Muitas pessoas impuras vivem de uma maneira como se não existisse um Deus no céu. Até crentes esquecem isso. Tem momentos que um crente esquece que Deus está onipresente. Eles fazem coisas nas trevas, quando estão embriagados de paixão. Eles fazem isso de tal maneira que ninguém pode vê-los. Num quarto escuro, ou num motel; numa praia abandonada ou no carro que está estacionado num local escuro. As pessoas se escondem e praticam as coisas impuras na escuridão. Pensando que ninguém pode vê-los. Isso já mostra a sua ignorância; isso mostra muitas vezes também a sua incredulidade.

Até o rei Davi vivia assim. Ele fez adultério com Bateseba; ele pensou que ninguém viu nada. Mas Deus observou tudo. Deus estava observando a vida de Davi, como nos estamos espiando a vida dos participantes de Big Brother Brasil. Deus assiste também o seu Big Brother Brasil. Ele assiste a vida dos irmãos de Jesus Cristo aqui no Brasil. Ele vê tudo. Ele observa os casados, mas também os noivos e também aqueles que estão namorando na escuridão. E ele manda a dizer: Digno de honra entre todos seja o matrimônio, bem como o leito sem mácula; porque Deus julgará os impuros e adúlteros.

Deus julgará! Temos um exemplo na congregação de Coríntios que explica isso (1 Cor. 5, 1-4). Ali houve um caso de grande imoralidade. Até o povo fora da igreja estava falando e fofocando sobre isso. Muitos irmãos dentro da congregação sabiam do caso, mas ficaram calados. Ninguém disse nada. Todos evitaram o assunto. Eles deixaram o homem continuar na sua relação impura;

Agora, Paulo ouviu isso e criticou a congregação. Ela estava culpada junto com aquele homem que fez isso. Paulo repreendeu toda a congregação, que ficou calada, porque assim ela se tornou cúmplice. Porque ela não falou nada. Ela não repreendeu tal pessoa; ela deixou as coisas acontecer. De certa forma ela estava aprovando essas perversidades. Mas Paulo deixou bem claro que esse jogo é perigoso, porque Deus julgará. Já pensou nisso, irmãos? Deus julgará! Quando? No dia final? O que Paulo diz. Paulo deixa claro que tal pessoa não entrará no Reino dos Céus. Assim será no dia final. Mas Paulo deixa também claro que Deus julgará também no presente; pode ser amanhã ou próxima semana.

Paulo falou sobre isso em 1 Coríntios 11 falando sobre a santa ceia. Ele avisou a congregação, porque a santa ceia foi profanada. Aconteceram coisas na congregação, que não foram lícitas; Coisas ilícitas. Coisas de grande imoralidade. O matrimônio não estava digno de honra entre todos, Nem o leito de todos sem mácula; E por causa disso Deus julgou os impuros e adúlteros. Por causa disso Deus julgou a congregação que ficou calada; Por causa disso existiam tantos fracos e outros faleceram. Deus tirou a sua benção da congregação, porque ela vivia em pecado; Deus reage assim, se a congregação faz um acordo com o pecado. Com o pecado dos outros e com os próprios pecados.

Deus julgará. Deus fez isso com Davi. Lemos sobre isso em Salmo 32. Davi cometeu um pecado e ficou calado. Ele tentou esconder o que ele tinha feito. Mas Deus o julgou e enquanto ele ficou calado, ele sofreu. A consciência dele não o deixou em paz. Ele mesmo diz:
Enquanto calei os meus pecados, envelheceram os meus ossos;
Pelos meus constantes gemidos todo o dia.
Porque a tua mão pesava dia e noite sobre mim,
E meu vigor se tornou em sequidão de estio.

Ele ficou doente; a mão de Deus pesava dia e noite sobre Davi.
Tudo o que ele fez foi mais difícil. Tudo era mais complicado.
A sua vida não era mais abençoada, mas amaldiçoada.

Então, irmãos cristãos, jovens e adultos, observando tudo isso, nós também devemos nos examinar e nos perguntar: O matrimônio está digno de honra entre todos e também o leito sem mácula? Que seja assim, porque se nós vivemos assim, nós nos encontraremos na presença de Cristo na vida eterna!
Pr. Abram de Graaf